Camilo António de Almeida Gama Lemos de Mendonça nasceu em Vilarelhos, concelho de Alfândega da Fé, em Julho de 1921 e faleceu em 5.4.1984. Foi um dos maiores empreendedores da sua geração. Conseguiu revolucionar a agricultura tradicional e construir um império no Complexo Industrial do Cachão.
O 25 de Abril de 1974 retirou da vida activa do país esse génio transmontano e a obra gigantesca que sonhou e tinha em fase de implantação, acabou por desfazer-se por não ter havido o engenho e a arte de prossegui-la, levando-a a bom termo. Teria sido a salvação económica para a região transmontana. Licenciou-se no Instituto Superior de Agronomia e foi o primeiro Presidente da RTP. Deputado eleito pelo Nordeste (Círculo de Bragança), secretário do Secretário de Estado da Agricultura, vogal do Conselho Cooperativo, Presidente da Junta do Café e do Grémio dos Armazenistas e Exportadores do Azeite, e também, Vice-Presidente da Comissão de Coordenação Económica.
Politicamente ligou-se à União Nacional, o partido de Salazar, tendo sido vogal da Comissão Executiva e membro da Comissão Organizadora do IV Congresso daquela organização, suporte ideológico do Estado. Fundou o Complexo Agro-Pecuário do Cachão em 1964, obra que ficaria inacabada devido ao 25 de Abril, que o levou ao exílio voluntário para o Brasil. A revolução agrícola preconizada por Camilo de Mendonça colocaria a agricultura transmontana em pé de concorrência com a europeia. Para tal incluía a construção de 130 barragens de terra. Deixou feitas as seguintes barragens: Vila Flor, Alfândega da Fé, Cachão, Carvalheira, Vilarelhos e Vilares da Vilariça.
O jornalista Rogério Reis, publicou em O Primeiro de Janeiro de 14.4.1984 um artigo com o título «Camilo de Mendonça, íntegro transmontano», no qual exalta, com inteira justiça, a obra gigantesca deste valoroso transmontano ao qual chama “o grande paladino de Trás-os-Montes”. Como sempre acontece com os génios, quando sucedem as revoluções políticas, Camilo de Mendonça teve de exilar-se no Brasil, após o golpe militar de 1974, pagando caro o seu grande amor à terra que o viu nascer, pois veio de lá, em cadeira de rodas, já que sempre desejou morrer em Portugal que tão mal lhe pagou, pelo muito que fez.
In Dicionário dos Mais Ilustres Transmontanos e Alto Durienses, de Barroso da Fonte
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